Sabe aquele pote de petiscos sempre cheio? Ou aquele costume de dar um pedacinho do que está no prato? Sem perceber, muitos tutores estão criando ambientes obesogênicos dentro de casa — espaços onde os hábitos favorecem o ganho de peso dos pets. E isso pode ter consequências graves para a saúde de cães e gatos.
No próximo sábado, 11 de outubro, é lembrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, uma data que também chama atenção para o cuidado com os animais de estimação.
Segundo a médica-veterinária Mayara Andrade, de Guabi Natural, da BRF Pet, “ambientes sem rotina alimentar, com excesso de petiscos e pouca atividade física, além da escolha errada ou quantidade inadequada do alimento, favorecem a obesidade de forma silenciosa e progressiva. Muitas pessoas não percebem que o ambiente no qual o pet vive exerce influência direta sobre seu comportamento alimentar e seu gasto energético”, explica, lembrando também que o tutor precisa ficar ainda mais atento para raças predispostas geneticamente ou após a castração.
Considerada uma doença crônica e multifatorial, a obesidade é reconhecida tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto pela WSAVA (Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais) e é hoje uma das doenças que mais crescem entre cães e gatos.
Um levantamento do Banfield Pet Hospital mostra que o número de cães com sobrepeso ou obesidade cresceu 108% no Brasil desde 2011 — entre os gatos, o salto foi ainda maior: 114%.
Ainda, segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), mais de 40% dos cães apresentam sobrepeso e obesidade no município e região metropolitana de São Paulo.
E não é só uma questão estética, segundo a profissional, o sobrepeso traz riscos de doenças articulares, respiratórias, cardiovasculares, além de afetar o metabolismo e até o intestino dos pets, aumentar da incidência de câncer e a reduzir da expectativa de vida. No caso dos gatos, pode aumentar também o risco do aparecimento da diabetes tipo 2.

Como saber se o pet vive em um “ambiente obesogênico”?
“A forma como a gente vive influencia diretamente a saúde do nosso pet. Se temos uma rotina sedentária e cheia de excessos, é comum que o animal entre no mesmo ritmo. Além disso, a dificuldade do tutor/responsável em reconhecer o ganho de peso como algo prejudicial e não ‘fofo’ é algo que também contribui para o aumento de peso”, explica Mayara.
De acordo com elaela, um ambiente obesogênico é aquele espaço onde o pet tem fácil acesso a petiscos e restos de comida, que não existe uma rotina de passeios ou brincadeiras, além da falta estímulo físico e mental, e ainda pode haver excesso de recompensas alimentares, entre outros fatores.
“Quando não há controle sobre porções, todos os membros da casa oferecem comida, não há passeios ou estímulos físicos, criamos um cenário perfeito para a obesidade se instalar. Por isso é tão importante a escolha e manejo adequado dos alimentos, sempre com orientação do médico-veterinário que acompanha o pet”, completa.
Identificando o sobrepeso
A médica-veterinária orienta que o tutor deve ficar atento a sinais como dificuldade para se locomover ou subir escadas, respiração ofegante com facilidade, desaparecimento da cintura (o corpo fica com formato cilíndrico) e aumento no volume do abdômen, a “famosa barriguinha”. Segundo Mayara, é fundamental os check-ups com o médico-veterinário.
“Se notar algum desses sinais, é importante procurar o veterinário que acompanha o pet. Somente um profissional pode avaliar a condição corporal e sugerir o melhor plano alimentar e de atividade física”, recomenda Mayara, reforçando que a prevenção é fundamental – manter uma dieta equilibrada desde cedo ajuda a evitar o ganho excessivo de peso e outras complicações associadas.
“É essencial que o tutor tenha uma comunicação clara e constante com o veterinário, entendendo que a dieta deve ter objetivos realistas e que, em muitos casos, o tratamento é gradual e exige paciência e acompanhamento contínuo”, complementa.
Como prevenir a obesidade em cães e gatos?
Embora existam raças com predisposição genética, como labradores, Golden retrievers, Buldogues e gatos sem raça definida, além de condições como a castração, os hábitos do dia a dia são decisivos no controle do peso.
Para evitar o ganho excessivo, a recomendação é oferecer alimentos completos e adequados para as necessidades individuais do pet, nas quantidades indicadas, com acompanhamento veterinário para ajustes individuais.
“A quantidade recomendada na embalagem é uma média. Cada animal tem seu próprio metabolismo, e o ideal é monitorar o peso e a condição corporal com o apoio do veterinário. A tabela de recomendação é um ponto de partida e deve servir como referência inicialmente. Ajustes para mais ou menos podem ser feitos para atender as necessidades individuais de cada pet”, explica Mayara, que orienta alguns cuidados básicos:
Ofereça alimentos completos e balanceados, seguindo a orientação do médico-veterinário, e cuidado com os petiscos: “Até 10% das calorias diárias podem ser oferecidas em petiscos. Por isso, faça escolhas inteligentes de snacks e converse com o médico-veterinário sobre as opções disponíveis e as necessidades do seu pet”, aconselha.
Evite dar comida fora de hora: O ideal é estabelecer uma rotina de horários e seguir as quantidades recomendadas na embalagem ou indicadas pelo veterinário.
Enriqueça o ambiente: gatos adoram prateleiras, túneis e arranhadores. Já os cães precisam de caminhadas diárias, brinquedos interativos e tempo de qualidade com os tutores.
Estimule o pet a se movimentar: se o animal já está acima do peso, comece aos poucos, respeitando o ritmo dele. Um passeio leve, brincadeiras simples e reforço positivo fazem toda a diferença.

Como cuidar da rotina familiar?
Segundo a médica-veterinária, a reeducação alimentar e física do pet só funciona se toda a família estiver envolvida.
“Não adianta um tutor seguir o plano enquanto outro continua oferecendo restos da mesa. A mudança precisa ser para todos”, reforça Mayara. “E mesmo quando o pet alcança o peso ideal, os cuidados devem continuar. Animais que já enfrentaram obesidade têm maior tendência a engordar novamente”, completa.
Qual a diferença entre os alimentos light e específico para obesos?
A médica-veterinária explica que os alimentos light são completos, formulados para pets saudáveis com tendência ao ganho de peso, ajudando na manutenção do peso ideal por meio de menor teor de gordura e calorias, além de mais fibras e proteínas.
Já os alimentos para obesos são classificados como coadjuvantes, pois auxiliam no tratamento da obesidade. Eles possuem formulação especial, regulamentação específica e, apesar de restrições maiores de calorias e gorduras, também oferecem todos os nutrientes necessários, dispensando suplementação.
“Na escolha do alimento, pets com sobrepeso (até 30% acima do ideal) se beneficiam de alimentos light, enquanto animais com obesidade (acima de 30% do peso ideal) precisam de alimentos específicos para obesos, que promovem redução de peso de forma segura e sem perda de massa muscular. A decisão deve ser feita com orientação veterinária”, finaliza.
Fonte: BRF Pet, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
FAQ sobre o “ambiente obesogênico”
O que é um “ambiente obesogênico”?
Os ambientes obesogênicos são espaços onde os hábitos favorecem o ganho de peso dos pets.
Como saber se um pet está acima do peso?
Alguns sinais de sobrepeso são dificuldade para se locomover ou subir escadas, respiração ofegante com facilidade, desaparecimento da cintura e aumento no volume do abdômen.
Como prevenir a obesidade em pets?
Para evitar o ganho excessivo de peso, a recomendação é oferecer alimentos completos e adequados para as necessidades individuais do pet, nas quantidades indicadas, com acompanhamento veterinário para ajustes individuais.
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