Ter um animal de estimação é abrir espaço para uma relação que ultrapassa qualquer lógica numérica. Cada olhar, cada gesto de carinho e cada cuidado diário revelam o quanto o vínculo entre tutores e pets se sustenta em afeto, confiança e companheirismo.
É essa conexão emocional, construída no dia a dia, que transforma os animais em verdadeiros membros da família e que movimenta, de forma poderosa, todo o mercado voltado ao bem-estar, saúde e longevidade deles.
Dentro desse olhar mais “adoçado”, vemos o setor se transformar nas últimas décadas, impulsionado pela mudança da relação humano-animal, pela profissionalização dos serviços e pela autonomia crescente dos tutores. Todos esses fatores levaram o setor a novos patamares de sofisticação e o consolidaram como um dos mais dinâmicos da economia nacional.
Para Gabriela Mura, veterinária e diretora de Mercado e Assuntos Regulatórios do Comac (Comissão de Animais de Companhia) e do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), a evolução do vínculo humano-pet é o motor central dessas mudanças.
“A alteração da denominação de ‘dono’ para ‘tutor’ é simbólica. Hoje, os animais passaram a ser considerados membros da família. Esse movimento impactou toda a cadeia produtiva e continua se intensificando”, explica.
Dados levantados pelo Sindan mostram a magnitude dessa transformação. Em 2013, apenas 25% dos tutores viam seus cães como parte da família; em 2019, o número subiu para 29% e, em 2024, atingiu 78%. No caso dos gatos, a percepção evoluiu de 21% (2013) para 25% (2019) e chegou a 72% em 2024.
O novo perfil de tutor, mais emocional e comprometido, impulsionou a expansão de serviços especializados, como spas, creches, terapias alternativas e atendimento domiciliar. Esse movimento também transformou a prática veterinária.
“O médico-veterinário deixou de ser o generalista do consultório tradicional e hoje atua de forma mais especializada, investindo em capacitação, gestão e oferecendo atendimento comparável ao de grandes centros de Medicina Humana”, contextualiza Gabriela.