Você sabia que, assim como os humanos, os gatos também podem desenvolver doenças complexas que afetam mais de um órgão ao mesmo tempo? É o caso da Tríade Felina, também chamada de Triadite Felina.
Essa síndrome inflamatória acomete intestino, fígado e pâncreas — órgãos intimamente conectados no organismo felino.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, conversamos com a médica-veterinária Nayara Cristina de Oliveira Fazolato, mestre pela Universidade de Sorocaba (UNISO) e sócia-proprietária do My Cat Consultório Veterinário Exclusivo para Gatos, em Sorocaba (SP).
De acordo com a profissional, a Tríade Felina é uma síndrome que envolve três doenças inflamatórias: colangite (inflamação do fígado e das vias biliares), pancreatite e doença intestinal inflamatória.
“Esses órgãos estão muito próximos anatomicamente, por isso, quando um inflama, os outros também podem ser afetados”, explica Nayara.
Mas será que a doença atinge todos os gatos por igual? Segundo Nayara, a triadite pode acometer gatos de qualquer raça, idade ou sexo, mas é mais comum em animais adultos e idosos.
A veterinária ainda destaca que certas características anatômicas dos felinos aumentam a chance de a doença se desenvolver.
“Nos gatos, o ducto biliar e o ducto pancreático se unem e desembocam na mesma papila no intestino. Isso facilita que inflamações intestinais cheguem ao pâncreas e ao fígado. Já nos cães, esses ductos são separados, o que reduz esse risco”, esclarece.
Além disso, há estudos que relacionam a tríade à interligação do sistema linfático entre esses órgãos, o que favorece a disseminação da inflamação.

Quais são as principais causas da doença?
Segundo a médica-veterinária, as causas da Tríade Felina são variadas e multifatoriais, mas entre as principais, estão:
- Ascensão de bactérias intestinais, como E. coli, para o fígado e o pâncreas;
- Alergias ou intolerâncias alimentares;
- Parasitas intestinais;
- Obstruções biliares;
- Disbiose intestinal;
- Inflamações crônicas nos órgãos afetados.
Como os sinais clínicos da doença variam e nem sempre são específicos, fica mais difícil conseguir um diagnóstico precoce.
“O vômito é o sintoma mais comum, mas também podemos observar perda de apetite, emagrecimento, fraqueza, icterícia e sensibilidade abdominal. Embora o intestino esteja envolvido, a diarreia não é um sinal tão frequente”, aponta a médica-veterinária.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames laboratoriais, ultrassonografia abdominal e dosagem de marcadores de pancreatite, como o Spec fPLI.
“Também avaliamos os níveis de vitamina B12, que costumam estar baixos devido à inflamação intestinal. Já o diagnóstico definitivo é feito por meio de biópsia, com exame histopatológico e imunohistoquímico”, acrescenta Nayara.
O tratamento deve ser individualizado e pode incluir:
- Dieta hipoalergênica e de boa digestibilidade;
- Antibióticos, quando há infecção bacteriana associada;
- Corticoides para controle da inflamação;
- Controle de dor e náusea;
- Suplementação de vitamina B12 e probióticos;
- Estimulantes de apetite e fluidoterapia em casos de desidratação.
Embora não exista uma forma de prevenção garantida, alguns cuidados ajudam a reduzir o risco de desenvolvimento da síndrome, como:
“Oferecer uma alimentação de boa qualidade, manter o controle de parasitas, evitar situações estressantes e realizar check-ups regulares são práticas que fazem diferença na saúde do gato”, orienta a especialista.
FAQ sobre a Tríade Felina
O que é a Tríade Felina?
A Tríade Felina, ou Triadite Felina, é uma síndrome inflamatória que envolve três órgãos: fígado, pâncreas e intestino. Quando um desses órgãos inflama, os outros podem ser afetados devido à proximidade anatômica entre eles.
Quais são as principais causas da Tríade Felina?
As causas são variadas e incluem infecções bacterianas, alergias ou intolerâncias alimentares, parasitas intestinais, obstruções biliares, disbiose e inflamações crônicas nos órgãos envolvidos.
É possível prevenir a Tríade Felina?
Embora não haja prevenção garantida, é possível reduzir o risco com alimentação de boa qualidade, controle de parasitas, manejo do estresse e check-ups veterinários regulares.
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