A Acne Felina é uma doença dermatológica comum em gatos, caracterizada pelo surgimento de cravos, também chamados de comedões, principalmente na região do queixo e, às vezes, do lábio inferior. Essa explicação quem nos dá é a médica-veterinária especializada em felinos do Centro Veterinário Hospitalar Nouvet, Isabelle Guimarães.
De acordo com a profissional, essa condição não possui predisposição racial ou sexual, mas existem alguns fatores que tornam certos gatos mais predispostos ao seu desenvolvimento.
“Gatos de pelagem longa tendem a ter um maior acúmulo de oleosidade e sujeira na região do queixo, o que dificulta a boa ventilação e limpeza natural da pele. Já os braquicefálicos, como os persas e himalaios, devido a sua anatomia facial, possuem maior dificuldade de realizar a higienização perioral, aumentando o risco de aparecerem os comedões”, exemplifica.
Ela ainda complementa que animais imunossuprimidos ou com doenças crônicas podem apresentar desequilíbrio da microbiota cutânea e dificuldade de regeneração da pele, o que facilita o surgimento da acne.
“Além disso, o estresse é um fator que está inteiramente ligado a imunidade cutânea e no comportamento da autolimpeza. Gatos obesos ou também aqueles que possuem artrite ou osteoartrite e alterações comportamentais tendem a se limpar menos, favorecendo o acúmulo de secreção sebácea”, afirma.
Pontinhos pretos no queixo são um alerta
Os sinais clínicos da Acne Felina variam de acordo com o estágio da doença e, quando está no início, podem passar despercebidos.
Segundo Isabelle, nos estágios iniciais o mais comum é visualizar os famosos cravos pretos no queixo do animal. Nessa fase, dor ou coceira são improváveis.
“Já em casos moderados a graves pode ocorrer inflamação e vermelhidão local; espinhas com secreção purulenta; inchaço no queixo; crosta e ulceração da pele; dor ao toque; prurido; e possível perda de pelos local”, pontua.
A médica-veterinária também ressalta que, embora em muitos casos a acne se manifeste apenas como uma alteração estética discreta, em algumas situações pode causar um odor fétido por drenar uma secreção purulenta e dor intensa, exigindo intervenção medicamentosa.

O que causa a Acne Felina?
De acordo com Guimarães, essa condição ocorre pela produção anormal de sebo das glândulas sebáceas, mas a sua causa ainda não é totalmente elucidada.
No entanto, por mais que a Acne Felina não seja considerada, de fato, uma doença alimentar, a alimentação pode sim influenciar direta ou indiretamente na sua manifestação e gravidade.
“Ainda não há uma relação causal comprovada cientificamente, mas alergias ou intolerâncias alimentares, podem apresentar manifestações dermatológicas, inclusive inflamações periorais semelhantes à acne. Uma dieta rica em gordura e pobre em ácidos graxos essenciais, como o ômega 3 e 6, pode contribuir para a obstrução dos folículos pilosos e desequilíbrios locais, respectivamente”, explica.
Dessa forma, uma das maneiras de prevenção é manter a higiene após a alimentação. “Restos de alimentos úmidos no queixo favorecem a proliferação bacteriana local”, comenta a veterinária.
Além disso, o uso de comedouros de plástico também é apontado como uma das possíveis causas dessa condição.
Isabella relata que comedouros nesse material podem predispor ao surgimento ou agravamento da Acne Felina, embora essa relação não seja de causa direta.
“Os potes de plástico podem ser um problema devido às microfissuras e sua superfície porosa, tornando o ambiente propício para o acúmulo de alimento. E, mesmo que com a limpeza regular, os potes podem reter resíduos e odores”, informa.
Como tratar
A medica-veterinária afirma que o tratamento da Acne Felina deve ser individualizado e de acordo com a gravidade do quadro.
“No geral, nos casos leves, a higienização local diária, uso de antissépticos, como a clorexidina a 0,5%, shampoos dermatológicos e evitar os fatores predisponentes, como o pote de plástico, tende a ser suficiente. Já nos quadros mais graves, pode ser necessária a utilização de antibioticoterapia, tanto tópica quanto sistêmico”, comenta.
Além disso, ela recomenda a realização do controle de ectoparasitas regularmente, pois esse cuidado faz parte do manejo global da saúde dermatológica.
“O controle de ectoparasitas evita quadros inflamatórios e infecciosos secundários e minimiza a confusão diagnóstica com algumas lesões provocadas pela DAPP (Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas), além de melhorar o conforto e bem-estar geral do gato”, conclui.
FAQ sobre a Acne Felina
Como prevenir a doença?
Como a Acne Felina é uma doença de origem multifatorial, para preveni-la deve-se manter uma higiene adequada ambiental, limpar o queixo do animal com frequência, evitar o uso de potes de plástico e deixar a área de alimentação sempre limpa. Além disso, deve-se monitorar a oleosidade da pele, reduzir o estresse ambiental e ter uma atenção especial com gatos que possuem dificuldade de autolimpeza.
Qual o melhor tipo de comedouros para gatos com Acne Felina?
Os comedouros plásticos são os menos recomendados para animais que possuem a doença. Eles devem ser substituídos por opções de inox, cerâmica ou porcelana.
Como identificar a Acne Felina?
A principal característica da Acne Felina é a presença de cravos, ou seja, pontinhos pretos na região de queixo e lábios inferiores dos gatos.
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