O aquarismo é a paixão de muitas pessoas. Porém, não é fácil de cuidar do aquário, visto que existem muitas especificações importantes para mantê-lo bonito e adequado aos peixes.
Para entender um pouco mais sobre isso conversamos com Antônio Paulo Pina Araújo, que é aquarofilista há 40 anos e pesquisador em Fauna Amazônica.
De acordo com ele, o tamanho do aquário deve ser definido, principalmente, a partir do espaço disponível no ambiente e a espécie e quantidade de peixes que serão criados, sendo que peixes maiores ou mais ativos necessitam de mais espaço.
“O volume mínimo recomendado do aquário é calculado em litros por centímetro de peixe adulto. Por exemplo, pequenos peixes tropicais, como neons e guppies, podem viver bem em aquários a partir de 40 litros, mas espécies maiores, como acarás e kinguios, exigem aquários muito mais espaçosos, de 100 a 200 litros”, pontua.

Peixes diferentes, cuidados diferentes
Outro ponto importante é que cada espécie de peixe possui suas particularidades com relação ao pH e temperatura da água.
“Peixes amazônicos, como o acará-disco, precisam de água levemente ácida e com temperatura entre 27°C e 30°C, enquanto peixes de água fria, como o kinguio, preferem temperaturas de 18°C a 22°C e boa oxigenação”, afirma.
Já os peixes marinhos necessitam de salinidade controlada e equipamentos específicos.
“Ou seja, há diferenças quanto a temperatura, pH, dureza da água, nível de oxigênio e espaço. Por isso, deve-se escolher espécies que tenham parâmetros de água semelhantes e evitar misturar peixes de água fria com tropicais no aquário”, aconselha o aquarista.
Limpando o aquário
A limpeza é um dos cuidados mais importantes com o aquário, pois ajuda a deixar a água adequada aos peixes e previne doenças.
Sobre isso, Antônio comenta que devem ser feitas trocas parciais da água, retirando de 20 a 30% dela, semanalmente ou a cada 15 dias. Em seguida, deve-se substituir o que foi removido por água tratada sem cloro.
“O filtro deve ser limpo regularmente com periodicidade quinzenal ou mensal, sem usar sabão. O indicado é utilizar apenas a água do próprio aquário para preservar bactérias benéficas. Já o vidro pode ser higienizado através de imãs limpadores ou raspadores próprios”, indica.
Segundo o especialista, é indicado fazer a aspiração do substrato para remover restos de ração e detritos acumulados no fundo, e utilizar condicionadores de água, que neutralizam cloro, cloramina e metais pesados da água da torneira.
Ainda conforme Araújo, os removedores de algas, por sua vez, existem na versão líquida ou em pastilhas e ajudam a controlar o excesso de algas nas paredes do aquário e nos enfeites.
Outra ferramenta para a limpeza são os aspiradores de cascalho, que retiram a sujeira acumulada no substrato sem que seja preciso desmontar o aquário.
Existem também bactérias benéficas em frasco, que reforçam a colônia de bactérias no filtro, mantendo o ciclo do nitrogênio equilibrado.
“Manter a rotina de manutenção preventiva garante água limpa, reduz doenças e melhora a qualidade de vida dos peixes. Contudo, é importante ressaltar que nunca deve-se usar detergente, sabão ou produtos de limpeza domésticos para essa finalidade, pois são tóxicos para os peixes”, relata.

Enriquecimento ambiental para os peixes
O uso de tocas, raízes, plantas aquática, pedras e cavernas nos aquários vai muito além de simples enfeites. Na realidade, esses acessórios são importantes para o enriquecimento ambiental e quais escolher também depende das espécies de peixes.
Para exemplificar, o aquarofilista explica que peixes ciclídeos africanos são territoriais e precisam de muitas tocas, pedras e cavernas. Isso ajuda a evitar brigas, pois cada peixe pode escolher seu espaço e quanto mais refúgios, mais equilibrada fica a convivência.
“Os peixes amazônicos gostam de um ambiente que imite os rios e igarapés. Nesse caso, entram troncos, raízes, folhas secas, plantas aquáticas e cavernas, criando um habitat mais natural e aconchegante, que reduz o estresse”, pontua.
Por outro lado, de acordo com Antônio, peixes ornamentais no geral podem se beneficiar de elementos de ornamentação fictícia, como barcos afundados, castelos, pontes ou cavernas artificiais. Esses itens dão refúgio, ao mesmo tempo em que deixam o aquário mais temático e visualmente atraente.
“O ideal é sempre adequar o enriquecimento ao comportamento natural da espécie e ao gosto estético do tutor”, informa.
Iluminação também é importante
Pode até parecer que não, mas ter uma iluminação adequada no aquário é imprescindível. Esse aspecto interfere na saúde dos peixes e das plantas e até na temperatura da água.
“Para as algas, a luz em excesso ou por muito tempo favorece o crescimento descontrolado, enquanto as plantas aquáticas precisam de luz para a fotossíntese mas, quando em intensidade, podem morrer”, esclarece.
A iluminação também interfere no ciclo dos peixes e, segundo o especialista, quando estiver inadequada desregula o ritmo biológico, estressando os animais.
Além disso, ele complementa explicando que luzes fortes e prolongadas podem aquecer demais a água, prejudicando espécies sensíveis.
“Por fim, a iluminação é essencial, mas deve ser controlada — normalmente entre 8 e 10 horas por dia, de preferência com timer automático. Uma iluminação adequada realça as cores dos peixes e deixa o aquário mais bonito e natural”, finaliza.
FAQ sobre os cuidados com o aquário
Qual o pH ideal da água do aquário?
O pH ideal depende da espécie de peixe. Peixes amazônicos preferem água levemente ácida, em torno de 6,0 a 7,0. Os peixes tropicais se adaptam bem a um pH entre 6,8 a 7,5. Já os ciclídeos africanos necessitam de água mais alcalina com pH variando de 7,5 a 8,5.
Como saber se há algo de errado com os peixes no aquário?
Geralmente, os indicativos de que os peixes estão com algum problema são mudanças de comportamento e de aparência. Exemplos disso são comportamento anormal, falta de apetite, presença de manchas brancas, pontos vermelhos, feridas e nadadeiras desfiadas ou corpo com aspecto inchado/emagrecido demais e até respiração ofegante.
Como identificar a presença de verminoses nos peixes?
A presença de verminoses em peixes de aquário pode ser percebida por alguns sinais bem característicos. São eles: alterações de comportamento, alterações físicas visíveis, mudanças na alimentação e observação de parasitas. Para resumir, peixe emagrecendo, com fezes anormais, mudanças de comportamento e feridas são fortes sinais de verminose.
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