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enfermidade multifatorial que afeta a pele e a pelagem

As afecções dermatológicas representam um verdadeiro desafio para tutores e médicos-veterinários. Isso não é diferente com a Dermatite Seborreica Canina. Segundo a médica-veterinária e docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba), Nathalia Villaça Xavier, essa condição corresponde a um compilado de sinais clínicos e possui diversas causas. “A Dermatite […]

As afecções dermatológicas representam um verdadeiro desafio para tutores e médicos-veterinários. Isso não é diferente com a Dermatite Seborreica Canina.

Segundo a médica-veterinária e docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba), Nathalia Villaça Xavier, essa condição corresponde a um compilado de sinais clínicos e possui diversas causas.

“A Dermatite Seborreia Canina é caracterizada por uma descamação dérmica visível, oleosidade cutânea e, frequentemente, odor rançoso, resultante de alterações na queratinização e no filme lipídico cutâneo. Isso predispõe a inflamação e, normalmente, sobrecrescimento microbiano oportunista, como Malassezia pachydermatis e/ou bactérias”, esclarece.

A profissional pontua que esse quadro pode ser primário e causado por por defeitos genéticos na cornificação, que é um processo biológico no qual as células da epiderme se diferenciam e se transformam em corneócitos – células achatadas e ricas em queratina.

“Porém, também pode ser secundária a doenças de base, como alergopatias, endocrinopatias, parasitoses ou deficiências nutricionais”, cita.

Nathália ressalta que fatores genéticos podem estar associados a enfermidade. De acordo com ela, as formas primárias/genéticas apresentam clara predisposição racial e surgem normalmente em animais jovens.

“Raças como american cocker spaniel, west highland white terrier, basset hound e english springer spaniel estão entre as mais descritas, tendo início clínico geralmente antes dos dois anos de idade”, exemplifica.

Sinais clínicos se manifestam na pele

Os sintomas da doença são predominantemente dermatológicos e variáveis.

“Os sinais clínicos mais frequentes incluem lesões escamativas difusas ou aderidas ao pelo, oleosidade, pelame rançoso, eritema variável e odor característico. O envolvimento de orelhas, pregas cutâneas e áreas de atrito é comum, especialmente quando há proliferação de Malassezia ssp”, pontua.

Além disso, em casos primários não controlados pode ocorrer prurido, que aumenta se houver presença associada de alergopatias ou infecções secundárias.

“A suspeita clínica da Dermatite Seborreica Canina surge por conta da descamação persistente e da oleosidade recorrente, especialmente em raças predispostas ou em cães com histórico de dermatopatia crônica”, afirma a médica-veterinária.

Com isso, Xavier relata que o diagnóstico é inicialmente clínico e baseado na inspeção e palpação da pele e pelame. Contudo, sempre requer investigação para identificar causas primárias ou secundárias.

“A citologia cutânea com fita adesiva ou impressão é o método mais sensível para quantificar leveduras e bactérias. Exames complementares, como raspados cutâneos, tricograma e cultura micológica, são indicados para excluir ectoparasitoses e dermatofitoses. Já em casos atípicos ou refratários, a biópsia cutânea com histopatologia é recomendada para confirmar transtornos primários de cornificação”, cita.

Banhos com xampus específicos fazem parte do tratamento da Dermatite Seborreica Canina (Foto: Reprodução)

Tratamento é multimodal

Segundo a docente, o tratamento da enfermidade combina controle da causa de base (se existir), com manejo sintomático tópico.

“Xampus queratolíticos/queratoplásticos, desengordurantes e antifúngicos tópicos são a primeira escolha. Medicações via oral com azólicos orais ou antibióticos sistêmicos são reservados para casos extensos, refratários ou com infecção profunda. Além disso, o uso de mousses ou loções leave-on pode prolongar o intervalo entre banhos e melhorar a hidratação cutânea”, recomenda.

Ainda segundo ela, existem evidências moderadas de que suplementos contendo ácidos graxos essenciais na correta proporção (EPA/DHA) e formulações comerciais com ceramidas, óleos essenciais e ácido linoleico podem auxiliar na melhora da função de barreira cutânea.

No entanto, o sucesso do tratamento depende diretamente de descobrir o que está levando a esse quadro.

“Quando a Dermatite Seborreica é secundária, tende a regredir com o controle efetivo da doença de base. Por outro lado, nas formas primárias, o curso é vitalício, exigindo manejo contínuo e adaptações sazonais, além de educação do tutor sobre a cronicidade da doença”, pontua.

Também há formas de evitar o surgimento da doença ou minimizar as crises. Para isso, a profissional indica manter protocolos regulares de higiene cutânea, controle de ectoparasitas, manejo de otites crônicas, dieta completa e balanceada e manutenção da saúde geral.

“Em cães predispostos ou com histórico, intervenções precoces ao surgimento de oleosidade ou odor podem reduzir a necessidade de tratamentos sistêmicos”, conclui.

FAQ sobre a Dermatite Seborreica Canina

Existe cura para a dermatite seborreica canina?

Somente há resolução definitiva da doença quando a condição é secundária e a causa primária é completamente tratada. Nas formas primárias/genéticas não há cura, mas o manejo adequado permite controle clínico prolongado e boa qualidade de vida.

Como identificar a doença?

Muitas vezes, o diagnóstico da dermatite seborreica é clínico. Porém, alguns exames podem ajudar nesse processo. Dentre eles, estão citologia cutânea com fita adesiva ou impressão, raspados cutâneos, tricograma, cultura micológica e biópsia cutânea.

Como tratar a dermatite seborreica canina?

O tratamento dessa condição depende da causa de base. O mais comum é utilizar xampus queratolíticos/queratoplásticos, desengordurantes e antifúngicos tópicos. Já as medicações orais apenas são indicadas para casos extensos, refratários ou com infecção profunda.

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