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carnívoros exigentes e o desafio da nutrição ideal – Portal Cães e Gatos

Cada vez mais presentes nos lares brasileiros, os mamíferos não convencionais desafiam médicos-veterinários e tutores com suas demandas específicas de manejo, comportamento e, principalmente, nutrição. – PUBLICIDADE – Entre eles, os ferrets (Mustela putorius furo) ocupam uma posição singular: carnívoros estritos com metabolismo acelerado e um trato gastrointestinal reduzido, esses pequenos mustelídeos exigem dietas de […]

Cada vez mais presentes nos lares brasileiros, os mamíferos não convencionais desafiam médicos-veterinários e tutores com suas demandas específicas de manejo, comportamento e, principalmente, nutrição.

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Entre eles, os ferrets (Mustela putorius furo) ocupam uma posição singular: carnívoros estritos com metabolismo acelerado e um trato gastrointestinal reduzido, esses pequenos mustelídeos exigem dietas de alta densidade energética e totalmente adaptadas à sua fisiologia.

Um estudo publicado no Brazilian Journal of Animal and Environmental Research (BJAER, 2025) reforça que compreender as necessidades nutricionais dessa espécie é essencial para evitar distúrbios metabólicos e prolongar sua expectativa de vida sob cuidados humanos.

Embora sejam considerados uma das espécies exóticas mais populares nos Estados Unidos e na Europa, os ferrets ainda despertam dúvidas entre tutores e até profissionais de saúde animal no Brasil, onde sua criação é rigidamente regulamentada.

Além da obrigatoriedade de castração e remoção das glândulas anais antes da importação, a legislação exige vacinação anual contra raiva e cinomose, reforçando que se trata de um pet que demanda acompanhamento veterinário especializado (Roll & Marsicano, 2014).

Mas o verdadeiro desafio, segundo o artigo assinado por Fabíola Eloísa Setim e Priscila Ferreira Fernandes, está na alimentação desses carnívoros estritos.

A revisão enfatiza que, ao contrário de roedores e lagomorfos, os ferrets possuem um trato gastrointestinal muito curto, com trânsito médio de apenas três a quatro horas, e microbiota intestinal simples — o que os torna incapazes de digerir fibras vegetais ou carboidratos complexos de maneira eficiente.

“Ferrets são carnívoros adaptados para consumir presas pequenas inteiras. Sua fisiologia digestiva e enzimática limita a metabolização de carboidratos e fibras, e isso exige dietas ricas em proteína e gordura animal”, destaca o estudo.

De acordo com as autoras, a origem das proteínas é um ponto crítico: rações que priorizam fontes vegetais, como soja ou milho, podem alterar o pH urinário e favorecer a formação de urolitíases — uma das doenças nutricionais mais observadas na espécie (Wolf, 2008).

Por isso, recomenda-se que o alimento seco destinado aos furões tenha 30% a 35% de proteína bruta de origem animal e 15% a 20% de gordura, além de listar ingredientes cárneos entre os três primeiros da composição (Quesenberry, 2012).

“O excesso de proteína vegetal ou de carboidratos impacta diretamente a saúde metabólica dos ferrets, podendo predispor a distúrbios pancreáticos e endócrinos”, advertem Setim e Fernandes.

Além da urolitíase, outro problema de relevância clínica é o insulinoma, carcinoma neuroendócrino que provoca hipoglicemia por hiperinsulinemia.

O estudo cita levantamentos de Bixler e Ellis (2004) indicando que a incidência dessa condição é significativamente maior em países onde os ferrets são alimentados com rações secas comerciais, em comparação àqueles onde recebem presas inteiras.

Esse contraste reforça o papel da dieta natural na prevenção de alterações metabólicas e no equilíbrio hormonal da espécie.

Ferrets: carnívoros exigentes e o desafio da nutrição ideal
Ferrets são carnívoros e possuem um trato gastrointestinal muito curto (Foto: Reprodução)

Entre o ideal e o possível 

Apesar das vantagens fisiológicas da dieta composta por presas inteiras — que contribui para o desgaste natural dos dentes, estimula o comportamento de caça e melhora a higiene oral —, sua adoção em ambiente doméstico é limitada.

Há riscos sanitários, como infecções bacterianas por Salmonella ou Campylobacter, além de restrições logísticas e éticas que dificultam o uso desse tipo de alimentação no Brasil (Azevedo, 2021).

“O desafio é equilibrar as necessidades carnívoras da espécie com a segurança alimentar e as condições práticas de manejo em ambiente doméstico”, analisa o artigo.

Nesse contexto, as rações específicas para ferrets, com formulações baseadas em ingredientes de origem animal e controle rigoroso de carboidratos, representam a alternativa mais segura — desde que o tutor seja orientado quanto à escolha de produtos de qualidade e à importância da hidratação.

Confira o artigo completo “Ferrets: carnívoros exigentes e o desafio da nutrição ideal”, na íntegra e sem custo, acessando a página 56 da edição de novembro (nº 315) da Revista Cães e Gatos.

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