Na Medicina Veterinária, o câncer de mama é abordado com frequência em cães e gatos. Contudo, a doença também pode acometer pets não convencionais.
Segundo a médica-veterinária mestre em animais selvagens, Raquel Naomi Tanaka Scaduto, a neoplasia mamária pode se desenvolver em qualquer ser vivo mamífero.
“As espécies mais comuns na minha rotina com a doença são fêmeas de coelhos, porquinhos da índia, hamster e ratos”, comenta.
A profissional explica que as neoplasias mamárias são influenciadas por hormônios presentes, especialmente, nas fêmeas. Contudo, na maioria das vezes, acometem animais de idade avançada devido as mudanças biológicas do envelhecimento e exposição hormonal.
“Com relação as espécies, podemos ressaltar os hamsters, que possuem uma predisposição a desenvolverem neoplasias. Um dos motivos são os alimentos ricos em gordura, que podem aumentar a ocorrência desses tumores em roedores”, pontua.
Doença é fácil de identificar
Raquel esclarece que o câncer de mama é caracterizado pelo crescimento anormal de células na mama.
“Devido a isso, causa um crescimento visível na pele da região abdominal, podendo ser um nódulo de tamanho grande, pequeno, localizado ou generalizado, com aspecto arredondado ou mais grosseiro em formato de couve flor”, afirma.
A médica-veterinária informa que, no início, geralmente, nota-se um crescimento visível na pele na região abdominal ao brincar com o animal, isso já é um sinal de alerta aos tutores.
“Posteriormente, esse aumento de volume pode causar inchaço ao redor, inflamações, secreções na mama, feridas abertas em casos avançados e gerar até dor e mudança de comportamento”, informa.
Ela também cita dentre as mudanças de comportamento falta de apetite, que leva a perda de peso e fraqueza, letargia, alterações na locomoção, pelagens mais sujas, pois os animais podem parar de se limpar, ou lambedura excessiva e coceira local.

Maligno ou benigno?
A profissional acrescenta que os tumores de mama podem ser benignos ou malignos.
“Os benignos possuem crescimento lento, de forma organizada e não invadem outros tecidos. Já os malignos apresentam crescimento rápido, com potencial de invadir e se espalhar para outras partes do corpo (metástase), caracterizando um câncer. Inclusive, em casos de metástase, os pets não convencionais podem apresentar dificuldade respiratória”, explica.
Para diferenciar esses dois tipos, Naomi esclarece que as técnicas são, basicamente, as mesmas de cães e gatos.
Dentre elas, estão exames de imagem, como radiografia e ultrassonografia para avaliar possíveis extensões da neoplasia e verificar se não há nenhum ponto de metástase.
“Também deve ser feita a análise de células através da punção para diferenciação de células neoplásicas ou inflamatórias. O exame histopatológico é realizado após a retirada cirúrgica do tumor, analisando se o tecido tumoral é benigno ou maligno e qual seu grau de agressividade”, pontua.
Tratamento do câncer de mama nos pets não convencionais
A principal forma de tratamento do tumor de mama nos pets não convencionais consiste na retirada cirúrgica, que é considerado o método mais eficaz.
A médica-veterinária comenta que a mastectomia pode ser local, apenas na mama afetada, ou contemplar a cadeia mamária inteira, dependendo da gravidade e do local do tumor.
De acordo com ela, nos casos de neoplasias malignas, após a retirada cirúrgica, o tratamento com quimioterápicos deve ser avaliado de acordo com grau e extensão.
“Mesmo sendo uma neoplasia benigna, o indicado é a remoção cirúrgica e castração, pois esse tumor pode crescer a ponto de incomodar o animal, causando dor, feridas, incômodos, falta de apetite, dificuldade de locomoção, entre outros”, explica.
Raquel complementa esclarecendo que a castração pode ser associada à cirurgia para evitar o estímulo hormonal nas células que levam à metástase, melhorando as chances de recuperação.
“Porém, o momento de realizar a castração com a retirada do tumor em conjunto deve ser avaliado com cautela devido a um tempo de sedação prolongado e a complexidade de ambas as cirurgias para pets não convencionais, que são mais sensíveis a anestesias e têm baixa resistência a dor”, complementa.

Castração é a melhor forma de prevenção
Conforme pontua a profissional, a prevenção da neoplasia mamária é sempre a castração das fêmeas ainda jovens, pois em animais com idade avançada, além de o risco da cirurgia ser maior, aumentam as chances de desenvolver a doença.
“A castração de pets não convencionais não é tão divulgada quanto a de cães e gatos, devido a sua maior complexidade por conta do tamanho dos pacientes (hamsters minúsculos) ou pelo risco da anestesia, pois são animais mais estressados e sensíveis. Porém, teoricamente, essa é a melhor forma de prevenção”, afirma.
Além disso, a especialista informa que um manejo adequado pode auxiliar na prevenção da doença. A começar com uma dieta nutricional adequada, com pouca ingestão de gordura e rica em nutrientes específicos para cada espécie.
“Também é importante realizar sempre um checkup anual, mas no caso dos hamsters indico a cada seis meses. Esse cuidado é essencial para diagnóstico precoce e orientação de bem-estar do animal. É importante ainda palpar, regularmente, as mamas dos pets para ajudar a identificar nódulos precocemente”, conclui.
FAQ sobre câncer de mama em pets não convencionais
Quais os pets não convencionais com maior incidência de câncer de mama?
Dentre os pets não convencionais, os que mais apresentam predisposição a essa enfermidade são os hamsters.
Qual é o prognóstico de pets não convencionais com tumor de mama?
O prognóstico da doença nesses animais varia de acordo com o tamanho, tipo, grau de agressividade, presença de metástases e quais tecidos foram acometidos. Tumores pequenos e benignos têm um prognóstico favorável. Porém, em casos de neoplasias malignas já com metástases, o prognóstico é ruim, diminuindo o tempo de sobrevida.
Como identificar o câncer de mama nesses animais?
O principal sinal de neoplasia mamária nos pets não convencionais é o aumento de volume na região abdominal.
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