Mudar de casa pode ser um desafio para quem tem pet. Além da logística da mudança em si, o tutor também se preocupa com o bem-estar do animal e busca formas de tornar esse processo menos estressante possível.
Como observado pela médica-veterinária especializada em Fisiatria e Ortopedia, pós-graduanda em Reabilitação Animal, comportamentalista e membro do grupo Afrovet, Gabriela Campos Figueirôa, os principais desafios da mudança de residência com pets estão relacionados à falta de familiaridade com o novo ambiente.
“Sons desconhecidos, cheiros diferentes e a ausência de uma rotina estabelecida podem gerar insegurança no animal. Com isso, o pet pode apresentar comportamentos atípicos, como ansiedade de separação e até tentativas de fuga, na busca de retornar ao local que considera seguro e familiar”, comenta.
E, então, como o tutor pode preparar o ambiente da nova casa para receber o pet com mais tranquilidade? Gabriela afirma que o primeiro passo é garantir a segurança da nova casa, instalando telas nas janelas, portões e eliminando possíveis rotas de fuga.
A profissional ainda destaca que, sempre que possível, o tutor deve levar o animal para conhecer o espaço antes da mudança definitiva. No caso dos cães, passeios tranquilos pela região ajudam a criar familiaridade e segurança.
“Outro ponto importante é manter ao máximo a rotina já estabelecida, com os mesmos horários de passeios, refeições e atividades, o que traz previsibilidade e conforto para seu animal. Por fim, prepare um cômodo especial para o pet, com caminha, mantas, brinquedos e objetos que carreguem o cheiro da casa antiga, criando um espaço seguro e acolhedor para essa transição”, orienta.

A adaptação é diferente para cães e gatos?
Segundo a veterinária, essa adaptação ocorre de maneira bastante distinta entre cães e gatos.
“Os cães, em geral, se sentem mais encorajados na presença do tutor, explorando o novo ambiente com facilidade. Com treinos simples, reforços positivos e uma rotina previsível, costumam se ajustar rapidamente. Já os gatos tendem a ser mais cautelosos e exigem um ambiente calmo, com locais de refúgio que transmitam segurança. É comum que passem dias escondidos, embaixo da cama, por exemplo”, aponta.
Assim, é fundamental manter nesses espaços de refúgio: comedouros, bebedouros e caixas de areia, evitando problemas de saúde.
“Brinquedos interativos, como varinhas, petiscos e até o uso de feromônios sintéticos podem ser grandes aliados nesse processo.
Conforme o gato se sentir confiante em um cômodo, a porta pode ser aberta para que explore os demais espaços no seu próprio tempo. Com paciência, estímulo positivo e respeito ao ritmo do animal, a transição se torna muito mais tranquila”, garante.
Atenção aos sinais!
Qualquer mudança comportamental pode ser um sinal de alerta aos tutores.
Segundo Gabriela, nos cães, os sinais mais comuns incluem: latidos excessivos, choro, dificuldade em ficar sozinhos em um cômodo, insônia ou dificuldade para relaxar, destruição de objetos e eliminação de xixi no lugar errado. Também podem ocorrer perda de apetite e até vômitos ocasionais relacionados à ansiedade.
Já nos gatos, como relatado pela profissional, os sinais de estresse são ainda mais delicados: isolamento prolongado, chegando a não comer ou beber água; alteração nos hábitos de higiene (deixar de se lamber ou se lamber em excesso, causando falhas na pelagem); xixi ou cocô em locais inadequados; além de mudanças no padrão de vocalização, como miados mais frequentes.
A profissional declara, ainda, que, em alguns casos, o felino pode se tornar mais reativo.
“Em qualquer uma dessas situações, o ideal é procurar um médico-veterinário para avaliar o quadro e, se necessário, indicar o uso de suplementos ou medicações que auxiliem na adaptação, evitando que o problema se agrave. Existem, também, algumas outras alternativas como florais, homeopatia, aromaterapia e acupuntura que podem auxiliar nesse processo. Vale lembrar que os felinos são mais sensíveis: se ficarem mais de dois dias sem se alimentar, há risco de desenvolver lipidose hepática, condição grave que requer atendimento imediato”, salienta.

Aliados na adaptação
Objetos antigos do pet, como caminha, brinquedos e comedouros, podem ajudar os pets na adaptação.
“Eles carregam o cheiro familiar do animal, funcionando como pontos de referência no novo ambiente. Isso transmite segurança, reduz o estresse e ajuda a perceber que, mesmo em um espaço diferente, ainda existem elementos que lhe são conhecidos e confiáveis”, explica a médica-veterinária.
Gabriela ainda afirma que, no início, no caso dos felinos, o ideal é manter o gato confinado em um único cômodo, de preferência o mais calmo da casa durante o período de mudança.
“Assim que o gato se sentir seguro para explorar o quarto, podemos deixar a porta aberta e permitir que ele avance para os demais cômodos no seu próprio ritmo, sem nunca o forçar a entrar em ambientes ainda desconhecidos por ele. Além disso, brincadeiras de caça com varinhas e brinquedos, sempre associadas a petiscos saborosos, são excelentes aliados para estimular a confiança e facilitar a exploração gradual dos novos espaços”, sugere.
Se você está prestes a mudar de residência, Gabriela deixa um recado: “Lembre-se de que a mudança também é um processo novo para o pet, por isso, a paciência é essencial. Sempre que possível, valorize e recompense os comportamentos corretos”.
FAQ sobre adaptação à nova casa
Como posso ajudar meu pet a se adaptar à nova casa?
Garanta segurança no novo ambiente (telas, portões fechados), mantenha a rotina do animal (horários de alimentação, passeios, brincadeiras) e leve objetos familiares, como caminha e brinquedos, para criar um espaço acolhedor.
A adaptação é diferente para cães e gatos?
Sim. Cães geralmente se adaptam mais rápido com apoio do tutor. Já os gatos precisam de um ambiente calmo, com locais de refúgio e exploração gradual. Podem ficar escondidos por dias e exigem mais paciência.
Quais sinais indicam que meu pet está estressado com a mudança?
Cães podem apresentar latidos excessivos, destruição de objetos e perda de apetite. Gatos podem se isolar, fazer xixi fora do lugar ou deixar de comer e beber — o que pode levar a problemas graves como lipidose hepática.
LEIA TAMBÉM:
Enriquecimento ambiental e brincadeiras ajudam a proporcionar mais qualidade de vida aos pets
Casas pet friendly: como criar ambientes confortáveis para todos
Veterinária comenta a importância da “gatificação” dos ambientes para a espécie felina