Infelizmente, ainda é comum que os cuidados com a saúde bucal sejam mais direcionados aos cães. Porém, os gatos também podem desenvolver doenças relacionadas a boca, como o Complexo Gengivite Estomatite Felina, ou gengivoestomatite felina.
A médica-veterinária do Grupo Afrovet pós-graduada em Clínica Médica de Felinos e certificada como Veterinarian Cat Friendly pela Feline VMA, Isabella da Silva Germano, explica que essa é uma doença inflamatória da cavidade oral, que não tem uma origem totalmente esclarecida.
“Esse é um processo inflamatório exacerbado de curso crônico, capaz de causar lesões em gengivas, mucosas e faringe. Inclusive, é uma das enfermidades de maior relevância médica na Medicina Felina e na Odontologia veterinária”, pontua.

Por que a doença se desenvolve?
De acordo com a profissional, a resposta inflamatória oral exacerbada do Complexo Gengivite Estomatite Felina pode ser desencadeada por diversos fatores.
Alguns muito comuns são presença de placa bacteriana, outras doenças odontológicas, como reabsorção dental, fratura e doença periodontal, genética e infecções virais.
“Além disso, o estresse crônico pode causar uma resposta imunológica inadequada. Sabe-se que gatos de abrigo apresentam maior predisposição a gengivoestomatite felina se comparados a gatos únicos da casa devido ao estresse por competição ambiental, alimentar e maior número de vírus circulantes”, cita.
Isabella ainda comenta que fatores exógenos, como presença de diabetes e alergias e oferta de dieta de baixa qualidade também são considerados fatores predisponentes.
“A nutrição é um dos pilares fundamentais para a saúde dos animais, isso não é diferente com os gatos. O uso de uma dieta de baixa qualidade ou inapropriada irá ocasionar falha de imunidade e predispor doenças, como o Complexo Gengivite Estomatite”, explica.
De acordo com a médica-veterinária, por mais que estudos apontem uma maior incidência da condição em felinos de raças como siamês, persa, abissínio e maine coon, no Brasil é mais comum identificá-la em gatos sem raça definida.
Sinais clínicos podem ser silenciosos
Nem sempre é fácil de identificar a presença do Complexo Gengivite Estomatite Felina.
“Os gatos são animais de sinais clínicos silenciosos. Portanto, a apresentação da doença pode ser a menor possível. Dessa forma, dentre os sinais clínicos, observamos mudança de comportamento, geralmente atrelada a dor”, esclarece.
Germano cita que o felino poderá passar a comer menos ou preferir alimentos mais úmidos pela melhor facilidade de deglutição.
“Também pode-se notar disfagia, halitose, diminuição na rotina de higiene, ptialismo, mucosa oral hiperêmica devido a inflamação e até lateralização da cabeça no momento da alimentação, associada ou não a micropedaços de ração ao redor do comedouro”, elenca.
Já em casos avançados, ela informa que pode ser observado sangramento oral.

Recidivas não são incomuns
Isabella informa que, por se tratar de uma doença crônica responsiva ao sistema imunológico, é possível ocorrer recidivas do Complexo Gengivite Estomatite Felina mesmo após o tratamento.
“O gato pode ter acometimentos ao longo da vida e isso deve ser conversado com os responsáveis pelo animal. Os momentos de agudizações precisam ser monitorados de perto, sendo um desafio para os médicos-veterinários”.
Logo, o acompanhamento veterinário frequente também faz toda a diferença. “A frequência de retorno desses felinos varia de três a seis meses, dependendo da sua condição”, finaliza.
FAQ sobre o Complexo Gengivite Estomatite Felina
Quais são as principais causas da doença nos gatos?
O Complexo Gengivite Estomatite Felina está diretamente relacionado a imunidade. Por isso, qualquer condição de cause alterações no sistema imunológico do animal pode levar ao seu desenvolvimento. Dentre as causas mais comuns estão estresse, doenças periodontais, infecções virais e dietas de má qualidade.
Quais os sintomas do Complexo Gengivite Estomatite Felina?
Gatos com a doença podem apresentar alterações de comportamento, halitose, disfagia, diminuição na rotina de higiene, ptialismo e mucosa oral hiperêmica devido a inflamação.
É comum existirem recidivas da gengivoestomatite felina?
Sim, como a condição está relacionada a imunidade, mesmo com tratamento adequado em algum momento o animal pode ter recidivas.
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