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alteração neurológica que acomete os olhos de cães e gatos

A Síndrome de Horner (SH) é caracterizada por um conjunto de distúrbios neuro-oftálmicos, resultantes da interrupção da inervação simpática do olho. Essa alteração pode comprometer diversas funções oculares e perioculares, levando a sinais clínicos característicos, como miose, que resulta em anisocoria, ptose palpebral, enoftalmia e prolapso da terceira pálpebra (Costa et al., 2025). Grande parte […]

A Síndrome de Horner (SH) é caracterizada por um conjunto de distúrbios neuro-oftálmicos, resultantes da interrupção da inervação simpática do olho. Essa alteração pode comprometer diversas funções oculares e perioculares, levando a sinais clínicos característicos, como miose, que resulta em anisocoria, ptose palpebral, enoftalmia e prolapso da terceira pálpebra (Costa et al., 2025).

Grande parte dos casos ocorre como uma condição secundária a doenças que afetam o trato nervoso simpático, tal como, traumas, processos inflamatórios, neoplasias ou alterações vasculares. Devido a isso, é fundamental adotar uma abordagem diagnóstica detalhada para determinar a localização da lesão e a sua causa subjacente.

Conforme Costa et al. (2025), as causas da Síndrome de Horner central incluem diversas condições neurológicas, como mielopatiascervicais, neoplasias intracranianas, trauma crânio-encefálico (TCE) e processos infecciosos, que afetam o sistema nervoso central.

Prevalência da doença

Costa et al. (2025) relata que a síndrome é relativamente comum na clínica veterinária, sendo relatada principalmente em cães e gatos.

Em cães, a SH idiopática é a forma mais prevalente, representando cerca de 40-50% dos casos diagnosticados. Raças como golden retriever e collie demonstram uma maior predisposição para o seu desenvolvimento sem uma causa aparente (ORLANDI et al., 2020).

Por outro lado, nos gatos a Síndrome de Horner tem uma menor prevalência e é frequentemente associada a otite média, traumas cervicais e processos neoplásicos, apresentando menor incidência da forma idiopática (ZWUESTE; GRAHN, 2019).

Com relação a predisposição etária, o mesmo autor cita que a síndrome pode ocorrer em animais jovens e idosos, mas a forma idiopática tende a ser mais comum em cães de meia-idade a idosos.

Além disso, estudos demonstram que a localização da lesão na via simpática também influência a epidemiologia da SH. Em cães, a maioria das lesões é classificada como pós-ganglionar e, geralmente, está associada a otite média e doenças orbitais. Já em gatos, as lesões pré-ganglionares são mais frequentes, principalmente devido a traumas cervicais e doenças neoplásicas mediastinais (VIANA et al., 2022).

exame oftálmico em um cão
O diagnóstico da Síndrome de Horner é realizado a partir de exames com colírios (Foto: Reprodução)

Sinais clínicos da Síndrome de Horner

A SH pode se manifestar tanto de forma unilateral quanto bilateral, dependendo da extensão da lesão. Quando ocorrem danos severos à medula cervical, particularmente nas regiões C1-C5, há relatos da síndrome bilateral associada a quadros de comprometimento ventilatório, uma vez que essa área também abriga os centros responsáveis pelo controle respiratório (Costa et al., 2025).

A principal característica dessa condição são os sinais clínicos associados a disfunção da via simpática, que inerva o olho. Dessa forma, ainda de acordo com o mesmo autor, um dos sinais mais comuns é a miose, que ocorre devido à perda da inervação do músculo dilatador da íris, levando à anisocoria em casos unilaterais.

A enoftalmia é outro sinal importante desta condição e ocorre devido à perda do estímulo simpático nos músculos retratores do bulbo ocular. A ptose palpebral, por sua vez, é uma consequência indireta da enoftalmia, estando associada à perda do tônus muscular e ao deslocamento da pálpebra superior. Um fenômeno semelhante é observado no prolapso da terceira pálpebra em cães (ZWUESTE; GRAHN, 2019).

Falando especificamente dos felinos, a síndrome de Horner pode apresentar uma característica distinta: a inervação simpática direta sobre a membrana nictante, o que faz com que o prolapso dessa membrana seja um sinal clínico mais frequente em comparação aos cães (Costa et al., 2025).

Como chegar ao diagnóstico?

Costa et al. (2025) afirma que o teste diagnóstico padrão-ouro para identificar a Síndrome de Horner é a instilação de um colírio de cocaína (5-10%) sobre o olho afetado. A cocaína atua bloqueando a recaptação de norepinefrina na junção neuromuscular, o que aumenta a disponibilidade de norepinefrina e gera uma intensa resposta adrenérgica. Isso resulta em midríase (dilatação da pupila) e reversão dos demais sinais da síndrome em olhos saudáveis. Em olhos com a síndrome de Horner, no entanto, os sinais clínicos, como a miose, persistem, indicando a presença da lesão.

Por mais que esse teste seja altamente eficaz, como há uma limitação na disponibilidade da cocaína em muitos locais, é necessária a utilização de outras técnicas.

Um exemplo é a fenilefrina (1-10%), que serve para diagnóstico, tratamento e localização de lesões pós-ganglionares. Este fármaco é um agonista simpaticomimético direto, que induz a midríase no olho afetado. Nos casos de síndrome de Horner pós-ganglionar,a midríase ocorre em cerca de 10 a 20 minutos após a instilação do colírio (LEE; HORIKAWA, 2021).

Outra alternativa é a utilização da hidroxianfetamina (1%), um simpaticomimético indireto capaz de liberar norepinefrina nas terminações nervosas, produzindo midríase em condições normais. Citando especificamente os casos de Síndrome de Horner, a resposta ao medicamento depende da localização da lesão, sendo útil para diferenciar lesões pré-ganglionares e centrais.

Além disso, exames laboratoriais podem ser realizados para investigar possíveis causas sistêmicas, e os exames de imagem, como a ressonância magnética, auxiliam na investigação da causa subjacente da disfunção simpática (Costa et al., 2025).

E o tratamento?

Para tratar a Síndrome de Horner é importante identificar a causa primária, pois ao eliminá-la pode-se também solucionar essa condição.

Contudo, existem tratamentos voltados para ajudar a aliviar os sinais clínicos da SH. Nesse caso podem ser utilizados colírios midriáticos, como a fenilefrina (10%). Porém, a correção da miose com colírios não resolve a disfunção subjacente do sistema nervoso simpático, realizando apenas um controle temporário dos sinais (ZWUESTE; GRAHN, 2019).

Terapias complementares, como a acupuntura também estão sendo estudadas como uma possibilidade de auxílio na recuperação dos animais acometidos (Costa et al., 2025).

Fonte: COSTA, L. A. P. et al. PARTICULARIDADES DA SÍNDROME DE HORNER EM CÃES E GATOS: REVISÃO DE LITERATURA. REVISTA ARACÊ, São José dos Pinhais, v.7, n.4, p.17871-17881, 2025.

Confira o artigo completo.

FAQ sobre a Síndrome de Horner

Quais são os principais sinais clínicos da SH?

Os sinais clínicos mais frequentes desta condição são miose, anisocoria, ptose palpebral, enoftalmia e prolapso da terceira pálpebra.

Qual a prevalência da Síndrome de Horner?

A doença é mais comum em cães do que em gatos e as raças mais acometidas são golden retriever e collie. Pode acometer animais jovens e idosos, mas a forma idiopática é mais prevalente em cachorros de meia-idade a idosos.

Como tratar a doença?

O tratamento da Síndrome de Horner consiste, primeiramente, em solucionar a causa base. Já para alívio dos sintomas podem ser utilizados colírios e acupuntura.

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