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mesmo com a sobretaxa de Trump, rentabilidade é possível com estratégia

Entre novembro de 2024 e julho de 2025, o café arábica apresentou uma expressiva valorização no mercado internacional. O preço saiu de US$ 2,35 por libra-peso em novembro para um pico de US$ 4,33/lb em fevereiro, estabilizando-se atualmente em torno de US$ 3,05/lb — uma alta acumulada de aproximadamente 27%. Essa valorização garante, por ora, […]

Entre novembro de 2024 e julho de 2025, o café arábica apresentou uma expressiva valorização no mercado internacional. O preço saiu de US$ 2,35 por libra-peso em novembro para um pico de US$ 4,33/lb em fevereiro, estabilizando-se atualmente em torno de US$ 3,05/lb — uma alta acumulada de aproximadamente 27%.

Essa valorização garante, por ora, boas margens de exportação, especialmente considerando o câmbio favorável ao produtor, com o dólar oscilando acima de R$ 5,30.

Com a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa de 50% sobre o café brasileiro, a primeira reação é de preocupação, e com razão. A medida eleva o preço final do produto no mercado americano e reduz a competitividade do Brasil frente a países como México e Colômbia.

No entanto, a equação econômica não é binária. Mesmo com a taxação, os atuais patamares de preço e câmbio mantêm a rentabilidade das exportações viável, especialmente para produtores com custos controlados e contratos negociados com antecedência.

Um exercício simples ajuda a ilustrar:

  • Preço internacional: US$ 3,05/lb
  • Com tarifa de 50%, o café brasileiro chegaria aos EUA por US$ 4,58/lb
  • Esse valor ainda se mantém competitivo em segmentos premium e nichos que valorizam a qualidade do café brasileiro

Outro ponto positivo é a melhora na paridade de troca agrícola. O produtor hoje consegue adquirir mais insumos por saca vendida, o que sustenta a margem de lucro. E como o custo interno em reais não acompanhou a mesma velocidade da valorização internacional, a estrutura de produção continua relativamente eficiente.

Armazenar é estratégia: estoque e clima como aliados

Diante desse cenário de incerteza, uma postura pragmática pode ser decisiva para proteger a renda do cafeicultor:

  • Armazenamento estratégico: O café é uma commodity que permite estocagem com boa conservação, diferentemente de produtos perecíveis. Segurar parte dos estoques enquanto se aguarda a definição do cenário internacional pode ser uma forma eficaz de capturar melhores preços no futuro, inclusive se a tarifa for revertida ou se a demanda interna nos EUA pressionar os preços.
  • Aposta climática racional: As previsões climáticas ainda indicam risco de instabilidade em regiões produtoras globais. Caso se confirmem, os preços podem voltar a subir. Assim, quem tiver produto armazenado estará em posição vantajosa para negociar.

A tarifa de Trump é, sem dúvida, um obstáculo político e econômico. Mas não é uma sentença de inviabilidade. O café brasileiro segue com boa aceitação internacional, e os fundamentos de mercado, preço e câmbio, seguem favoráveis à rentabilidade.

O produtor que souber administrar estoques, monitorar o clima e negociar com inteligência pode atravessar esse momento com ganhos. A crise exige mais do que reação: exige estratégia.

Miguel DaoudMiguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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